Mude seus hábitos financeiros e descubra como ter um imóvel

Não é todo mundo, mas para muita gente o dinheiro do mês mal está dando para pagar as contas. Nessa situação, comprar um apartamento está totalmente fora de cogitação, certo? Errado! Muita gente que está com a corda no pescoço poderia realizar o sonho de ter o próprio imóvel com um pouco de organização financeira e redefinição de metas.

Tudo bem, não é simples reorganizar seus gastos, e o principal motivo disso é que grande parte do nosso suado dinheiro vai embora por puro hábito, e hábitos morrem devagar. A planejadora financeira Letícia Camargo afirma que: “Muitos dos problemas financeiros enfrentados pelas pessoas são resultado de uma série de comportamentos automáticos e irracionais, que atrapalham o controle das finanças”. Tomar um café todo dia depois do almoço, comprar os itens mais caros do supermercado ou ser incapaz de dizer “não” para sua amiga que revende cosméticos e maquiagem são ações quase sempre irracionais – e muitas vezes difíceis de mudar. Esses atos irracionais podem representar pequenos gastos diários ou até mesmo chegar a extremos, como a compulsão por compras ou o vício em jogos de azar.

No entanto, vencer hábitos financeiros negativos não é impossível. Em seu livro “O poder do Hábito” (Objetiva, 2012), o jornalista Charles Duhigg reuniu dados, relatos e pesquisas para entender a fundo porque fazemos o que fazemos e como mudar hábitos de vida. Duhigg afirma que hábitos formam um ciclo vicioso que ele batizou de “loop do hábito”:

o loop do hábito de charles duhigg no livro o poder do hábito

A deixa é que te incentiva a iniciar o hábito.  A rotina é o hábito em si, a ação que você quer mudar. A recompensa é aquilo que causa a satisfação ter realizado o hábito.

A seguir iremos explicar como tomar as rédeas da sua situação financeira, e para isso vamos usar dois exemplos fictícios. Um deles é o Henrique, que tem 27 anos, ganha relativamente bem, mas não consegue controlar os gastos no shopping e está sempre pendurado no cartão de crédito. Já a Luiza tem 38 anos, precisa administrar bem o seu salário porque tem contas fixas muito altas com a casa, o marido e os filhos, porém só tem uma hora de almoço e por isso come na rua todos os dias. Os dois estão querendo poupar dinheiro para comprar um imóvel, mas embora tentem economizar, nunca sobra dinheiro para investir.

homem e mulher bem sucedidos lutando contra os próprios hábitos financeiros para comprar um imóvel

Imagine que estes são o Henrique e a Luiza

O Henrique, a Luiza e você precisam seguir os seguintes passos para quebrar o ciclo do hábito:

1) Identificar a rotina

O primeiro passo é descobrir a rotina. No caso das finanças, que estamos abordando nesse post, a dica é anotar seus gastos do mês e descobrir para onde está indo seu dinheiro. Ao colocar todos os seus gastos no papel você conseguirá identificar os padrões, fazer as contas e diagnosticar onde você poderia estar economizando.

No caso do Henrique, ele analisou a fatura do cartão de crédito e viu que mais da metade dos gastos eram de relógios, gravatas e sapatos que ele comprava em quatro idas ao shopping por mês, em média. E mesmo quando decidiu não ir mais ao shopping, acabou comprando o mesmo tanto pela internet.

Leia também: “Entenda como funcionam os juros”

No caso da Luiza ela viu que gastando 25 reais por dia para almoçar no restaurante ao lado da empresa ela perdia 500 reais por mês, ou 6000 reais por ano! Isso sem contar os lanches da manhã ou um ou outro happy hour que aconteciam eventualmente. Ela decidiu começar a levar comida de casa, mas mesmo assim ela acabava deixando o almoço na geladeira e saindo para comer com os colegas.

colegas de trabalho almoçando ao redor de uma mesa com comida

Nem levar comida de casa impedia a Luiza de sair para almoçar

E você, já sabe qual rotina está te impedindo de juntar dinheiro? É fácil vencer este hábito?

2) Experimentar as recompensas

A próxima etapa é ir para o final do ciclo e entender porque você adquiriu determinado hábito. O cérebro se vicia em rotinas porque elas nos trazem algum tipo de compensação direta ou indireta e a explicação é científica: o corpo libera dopamina quando algo nos deixa feliz, o que nos faz querer repetir aquele ato para se sentir assim de novo. No entanto, descobrir qual é o benefício que você recebe pelo seu hábito pode não ser tão simples. Duhigg sugere experimentar: altere detalhes da sua rotina até descobrir qual o real motivo do seu hábito. É um método quase científico.

Vamos aos nossos exemplos: para descobrir qual recompensa tinha doutrinado o seu cérebro, um dia a Luiza foi almoçar com os colegas em um restaurante diferente, outro dia foi almoçar mais tarde, em outro foi almoçar sozinha, em outro dia ficou sem almoçar… E assim por diante. Dessa forma ela descobriu que o que a fazia comer todo dia no mesmo restaurante não era amar a comida de lá, não era o horário, não era nem mesmo a fome, era a companhia! Nos dias que ela decidiu comer sozinha ou não ir almoçar, ela não ficou tão satisfeita e sentiu que poderia tranquilamente ter almoçado a comida de casa.

Usando o mesmo processo Henrique se observou por um mês e chegou à conclusão de que o que motivava a comprar roupas e acessórios com frequência eram os elogios que ele recebia sempre que usava uma roupa nova. O dia que ele usou um relógio novo e ninguém viu, a compra não pareceu ter sentido. Essa era a recompensa que alimentava o seu hábito. Nesse passo é importante que você faça uma autoanalise e realmente busque se entender, para assim conseguir visualizar o que este teste está te dizendo.

homem de terno braços cruzados mostrando relógio

Vaidoso, Henrique gostava que reparassem em seus acessórios novos

3) Isolar a deixa

O estopim do ciclo é a terceiro padrão que você deve compreender. Após descobrir qual hábito prejudica as suas economias e entender o que causa esse hábito, é hora de descobrir o que te incentiva a iniciar o ciclo vicioso. Para isso, Duhigg sugere que você observe e anote diariamente a deixa que inicia o hábito, respondendo as seguintes perguntas:

  • Onde você está?
  • Que horas são?
  • Como você se sente?
  • Quem está perto de você?
  • O que você acabou de fazer?

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Após fazer esse acompanhamento por uma semana, a Luiza percebeu que havia um padrão. Todo dia por volta das 12:30 seus colegas passavam na sua mesa e a chamavam para ir almoçar com eles. Nesse ponto do dia ela se sentia estressada por ter trabalhado a manhã inteira e queria ter um momento de descontração para relaxar.

Já o Henrique viu que a vontade de comprar aparecia em qualquer horário do dia que ele visse uma propaganda na rua, um anúncio na internet ou um cartaz de liquidação do shopping, desde que ele estivesse sozinho. Essas eram as deixas que o faziam ir às compras e consequentemente gastar mais do que devia.

4) Ter um plano

A última etapa é finalmente trabalhar para solucionar o problema e colocas as finanças em ordem. Você precisa elaborar uma estratégia para criar uma nova rotina que seja motivada pela mesma deixa e gere a mesma recompensa. Duhigg chama essa nova rotina de “intenção de implementação”, e é o novo hábito financeiro que você quer adquirir.

No caso dos exemplos, existem várias soluções possíveis, mas vamos pensar nas seguintes hipóteses para nossos personagens: A Luiza passou a almoçar às 12h na empresa a comida que ela levava de casa, de modo que quando dava 12h30 e seus colegas chamavam ela para almoçar, ela podia acompanhá-los até o restaurante apenas para bater papo até o fim do horário de almoço. Já o Henrique começou a só ir ao shopping acompanhado da família ou de amigos, o que o desencorajava a ficando entrando nas lojas para comprar, e a organizar o guarda-roupas com combinações diferentes, o que fazia com que mesmo as roupas repetidas parecessem novas para as mulheres e os colegas de trabalho.

homem e mulher visitando apartamento vazio para comprar

Finalmente nossos personagens podem poupar dinheiro e começar a procurar o apartamento dos sonhos

Com esse modelo de Duhigg e com força de vontade, o Henrique e a Luiza analisaram, compreenderam e controlaram seus gastos impulsivos, criando novos hábitos e economizando uma grana considerável para investir no sonho de comprar um imóvel. A mudança de pequenos hábitos pode ser o segredo para fazer milagres financeiros, como comprar um apartamento ganhando pouco, lembrando que “ganhar pouco” é relativo aos seus gastos diários. Aplique também este modelo na sua vida e compare com os casos fictícios desse post. Quais hábitos você precisa mudar para começar a construir seu patrimônio? Agora que você sabe como, saia da sua zona de conforto e comece já a juntar dinheiro para comprar imóvel.

Se quiser se aprofundar mais no assunto, não deixe de ler o livro “O Poder do Hábito” de Charles Duhigg, disponível nas melhores livrarias físicas e virtuais. E se quiser saber mais sobre como economizar, leia o post “Qual o truque para poupar dinheiro e finalmente comprar um apartamento”.

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